Não é fácil pra mim, que vivo armada e pronta para o ataque, abaixar as armas. Mas estou guardando a minha munição. Estou deixando a minha desconfiança de lado e desativando a minha intuição. Desliguei agora as minhas anteninhas de vinil e que venha o inimigo. Vou dar lugar para a inocência. Se precisar, fico cega, surda e muda também. Estou tentando mudar pra ver se as coisas mudam. Estou me sentindo meio idiota por isso, mas preciso tentar pra ver onde vai dar. Só não sei se vou aguentar e se isso vai funcionar. Mas ninguém vai poder dizer que não tentei.
Estou tentando desencanar e não levar tudo tão a sério. Tentando ser mais tolerante e aceitar as diferenças. Tentando ter mais paciência. Tentando não me cobrar tanto. Tentando um meio termo, mesmo contra a minha vontade. Porque esse meu jeito tudo ou nada, já me fez perder muito, mas também já me livrou de muita dor de cabeça. Estou tentando não dar uma de louca por tão pouco. Mesmo que o pouco pra mim não seja tão pouco assim. Vou tentar fazer com que o pouco, seja mesmo muito pouco.
Estou fingindo que acredito. Acredito que as vezes as pessoas são tomadas pelo sono da morte e acabam dormindo profundamente e só acordam milhares de horas depois. Acredito também que as vezes as pessoas são acometidas por uma onda de azar, e que tudo acontece com elas. Acredito em contos de fadas e até em abdução extraterrestre. Acho que o improvável as vezes pode acontecer, principalmente se for pra me contrariar. Estou perdoando todas as mancadas e aceitando as desculpas mais esfarrapadas. Aproveitem, porque é por pouco tempo. Eu me conheço.